
Porque estou triste.
Porque estou emocionada.
Porque a alegria transborda no estado líquido.
Porque derreto.
Porque estou a caminho de casa.
De uma forma ou de outra, ela cai. E eu não posso fazer nada.
Engulo em seco e ponho-me a cantar, para ver se ela seca e quem passa na rua não se apercebe. “Sente-se bem, menina?”, “Precisa de alguma coisa?”, “Posso ajudar?”…
É assim… as lágrimas comovem. E quem as vê põe-se a imaginar a história que terá conduzido a elas, tenta entrar no jardim que eu cuidadosamente fechei primeiro… Mas aos transeuntes incomoda… “Se puder fazer alguma coisa…”
Não se sabe explicar muito bem a fisiologia deste sistema, onde moléculas e mistério se misturam. Mas, tal como a fome ou a morte, as lágrimas são do mais natural que temos.
A quem vê, elas recordam da humanidade que congelamos tantas vezes e outras tantas escondemos, como se fosse pecado ser pequeno. E chamam-lhe fraqueza.
A lágrima foi a solução que o Criador arranjou para a pequenez das palavras, que são grandes, muito grandes e muito belas, mas… é tão maior o mistério que trazemos dentro, a avalanche de emoções e desejos, de sonhos e de angústias, de alegrias e tristezas que… só palavras, não chegava. E eis que elas se soltam e desfocam os olhos, como que para deixarmos de olhar para fora e nos concentrarmos um instante na feridazinha que foi aberta.
É então que chega alguém, que não precisas de olhar porque os passos reconheces. E a voz quente também. E mesmo sem palavras, que a partir de agora já não chegam, falam, falam, falam… E no final, ao ouvido, canta-te devagarinho um fado, que trazia na manga. E dá-te um abraço que te seca a cara molhada. E só aí se apercebe de como são salgadas, essas lágrimas! Até o sal têm do mar! Para além da infinitude, para além da profundidade, para além da beleza… E como ao mar, para as poder olhar é preciso calar-se e parar um instante sem tempo marcado. E ele vai e vem. E elas vêm e vêm… Nem todos conseguem ouvir o que diz o mar. Nem todos são dignos de as ver cair e de as contar.
Por isso o portãozinho fica fechado, até que ele chegue. Esse que de médico sabe algumas coisas e que põe a mão na ferida sem doer. E a limpa. E a cobre. E como a mãe ao joelho roto, dá-lhe um beijinho, dizendo: “Já passou.”
Se as pessoas não riem mais é porque andam por aí a sangrar. E a engolir em seco.
Tens um bocadinho?
Porque estou emocionada.
Porque a alegria transborda no estado líquido.
Porque derreto.
Porque estou a caminho de casa.
De uma forma ou de outra, ela cai. E eu não posso fazer nada.
Engulo em seco e ponho-me a cantar, para ver se ela seca e quem passa na rua não se apercebe. “Sente-se bem, menina?”, “Precisa de alguma coisa?”, “Posso ajudar?”…
É assim… as lágrimas comovem. E quem as vê põe-se a imaginar a história que terá conduzido a elas, tenta entrar no jardim que eu cuidadosamente fechei primeiro… Mas aos transeuntes incomoda… “Se puder fazer alguma coisa…”
Não se sabe explicar muito bem a fisiologia deste sistema, onde moléculas e mistério se misturam. Mas, tal como a fome ou a morte, as lágrimas são do mais natural que temos.
A quem vê, elas recordam da humanidade que congelamos tantas vezes e outras tantas escondemos, como se fosse pecado ser pequeno. E chamam-lhe fraqueza.
A lágrima foi a solução que o Criador arranjou para a pequenez das palavras, que são grandes, muito grandes e muito belas, mas… é tão maior o mistério que trazemos dentro, a avalanche de emoções e desejos, de sonhos e de angústias, de alegrias e tristezas que… só palavras, não chegava. E eis que elas se soltam e desfocam os olhos, como que para deixarmos de olhar para fora e nos concentrarmos um instante na feridazinha que foi aberta.
É então que chega alguém, que não precisas de olhar porque os passos reconheces. E a voz quente também. E mesmo sem palavras, que a partir de agora já não chegam, falam, falam, falam… E no final, ao ouvido, canta-te devagarinho um fado, que trazia na manga. E dá-te um abraço que te seca a cara molhada. E só aí se apercebe de como são salgadas, essas lágrimas! Até o sal têm do mar! Para além da infinitude, para além da profundidade, para além da beleza… E como ao mar, para as poder olhar é preciso calar-se e parar um instante sem tempo marcado. E ele vai e vem. E elas vêm e vêm… Nem todos conseguem ouvir o que diz o mar. Nem todos são dignos de as ver cair e de as contar.
Por isso o portãozinho fica fechado, até que ele chegue. Esse que de médico sabe algumas coisas e que põe a mão na ferida sem doer. E a limpa. E a cobre. E como a mãe ao joelho roto, dá-lhe um beijinho, dizendo: “Já passou.”
Se as pessoas não riem mais é porque andam por aí a sangrar. E a engolir em seco.
Tens um bocadinho?
25 de Outubro de 2009
A todas as asas que não se importaram que as molhasse alguma vez
Olá...
ResponderEliminarVinha convidar-te a visitares o meu blog ;)
www.ocantinhodamimi.blogspot.com
Beijos*